Algazarra Matinal
Acordo pela manhã e escuto a gritaria eufórica de crianças brincando. Como tem ocorrido por dias seguidos, olho pela janela do apartamento e, curioso, observo o grande terreno baldio de onde provêm a algazarra. Em um canto, uma pequena tapera de tijolos, sem pintura. Chão de terra. Um tanque de lavar roupa do lado de fora. Roupas secando no varal. Lá mora a família do caseiro: o pai, a mãe e cerca de quatro filhos pequenos. A criançada brinca numa piscina de vinil, talvez doada por alguma boa alma, posta sobre o terreno arenoso. A gritaria feliz faz-se quase todos os dias. O som propaga-se pelas janelas dos apartamentos próximos, trazendo-nos lembranças de um passado distante, há muito perdido. (Oh, Senhor, poderá existir uma inveja boa e saudável?) Quanta alegria. Quantas risadas. Em sua simplicidade e inocência são muito mais felizes que eu. Que Deus os guarde e proteja sempre.